
Vira e mexe – principalmente perto de feriados – acompanhamos apelos de Bancos de Sangue humanos em busca de doadores. Pouco se fala, porém, sobre doação de sangue de cães e gatos que, além de ser um ato de amor, traz muitos benefícios para os bichinhos solidários.
Cada vez que o peludo doa sangue – a cada três meses – são realizados diversos exames que ajudam no monitoramento da saúde, e de graça. Os cães ganham hemograma completo (detecta anemia e infecções assintomáticas), teste de função renal, para detecção de Leshmaniose, Dirofilariose (verme do coração), Erlichia canis e Lyme (doenças transmitidas pelo carrapato), além de Brucelose.
Aos gatinhos doadores é oferecido hemograma completo, teste de função renal, sorologia para FIV (imunodeficiência viral felina) e FELV (Leucemia viral felina), Micoplasmose (doença que causa anemia intensa) e avaliação do tipo sanguíneo.
Cães e gatos têm diferentes tipos sanguíneos, que variam entre as raças, e antes da transfusão é realizado um teste de compatibilidade. A tecnologia permite transformar uma bolsa de sangue em outras três: uma com concentrado de hemácias, outra com concentrado de plaquetas e, por último, a com plasma. A doação de sangue de um cachorro pode ajudar quatro, e de gatos, dois.
Para ser doador, o animal precisa ser dócil, já que a coleta é feita normalmente pela veia jugular, e preencher alguns requisitos (veja abaixo). Agitados por natureza, os gatos são sedados. Não há nenhum efeito colateral e, em até três meses, o volume de sangue é reposto pelo organismo e o animal pode fazer nova doação.
Realizada em bancos de sangue, universidades ou centros veterinários, a retirada de sangue é segura para o animal e não demora mais do que uma hora. Segundo a veterinária Tatiana de Mello Macedo, do Mello Macedo Análises Clínicas Veterinária, é grande a dificuldade em conseguir doações. “No geral, ajuda quem já precisou ou teve algum caso próximo. Alguns proprietários trazem o animal uma vez e não voltam mais, outros ficam com dó por acreditar que o bichinho sofre na retirada do sangue, o que não é verdade”, lamenta.
Para abastecer o estoque, são feitas parcerias com creches, canis, ONGs e grupos de donos de cães, que se solidarizam e levam seus melhores amigos para esse ato de amor.
Quem pode ser doador – cães
- Idade entre 1 e 8 anos
- Peso mínimo de 20kg
- Temperamento dócil
- Sem nenhuma doença pré-existente, transfusão prévia ou cirurgias nos 30 dias anteriores à doação
- Não fazer uso de medicação contínua
- Vacinação e vermifugação atualizadas
- Controle de pulgas e carrapatos
- Não estar no cio ou ter saído há um mês
- Intervalo entre as doações: 3 meses.
Quem pode ser doador – gatos
- Temperamento dócil
- Peso mínimo de 4kg
- Idade entre 1 e 7 anos
- Vacinação e vermifugação atualizadas
- Controle de pulgas e carrapatos
- Não estar no cio ou ter saído há um mês
- Não apresentar doença ou transfusão prévia
Uma curiosidade:
Os cães têm seis tipos sanguíneos principais, que compõem o chamado Sistema DEA (sigla em inglês para Dog Eritrocyte Antigen, ou “Antígeno Eritrocitário Canino”). São eles:
DEA 1, dividido nos subtipos DEA 1.1 e 1.2,
DEA 3,
DEA 4,
DEA 5,
DEA 7
Sendo os grupos DEA 1.1 e DEA 4 os que mais prevalecem entre a população canina. Os grupos DEA 6 e DEA 8 foram reconhecidos na Segunda Oficina Internacional de Imunogenética, mas devido a inexistência de antissoros para estes antígenos não têm sido estudados.
Na verdade, o sangue dos cães é bem mais complexo do que o nosso e, em um mesmo cachorrinho, é possível encontrar mais de um tipo sanguíneo. O tipo sanguíneo DEA4 é considerado como doador universal, embora ainda não tenha sido descoberto um sangue que seja receptor universal.
Os gatinhos possuem três tipos sanguíneos (A, B, e AB) e o teste de compatibilidade e a tipificação sanguínea nessa espécie são de grande importância para se prevenir reações transfusionais.
Onde possuem postos de coleta para levar minha cadela para realizar a doação??
marisa, existem em diversas cidades, seu vet certamente poderá orientá-la. Parabéns pela iniciativa.
Meu bull terrier, Pancho, doou sangue até a idade limite (9 anos). A coleta era feita em domicílio, rápida e indolor. Por duas vezes levei-o a clínicas para fazer a doação em emergências, e em ambas ocasiões o sangue foi compatível! Quando a coleta terminava, ele ficava feliz, como se entendesse a importância do seu ato. Portanto, a família toda pode doar sangue e salvar vidas!
que lindeza! Parabéns pros dois!